segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Mais uma do Blog do Barzinho

Bêbados narradores

Um dos grandes clássicos do barzinho é o cara que "narra" a música.

Geralmente, a "saga" começa por volta de 1:00 manhã, quando já deu tempo para o álcool fazer aquele tour básico pela corrente sangüínea e chegar à cabeça. Na maioria das vezes, começa quando o músico anuncia que vai fazer uma música pedida por alguém. Aí vem aquela inconfundível voz pastosa falando:

- ÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔ!!!!!! Essa é boa!!!!!!! Manda essa!!! Manda essa!!!!
Começada a canção, o figura "canta junto" marcando as sílabas apontando com o indicador para o chão (e, claro, segurando o copo com a outra mão), olhando para seus amigos e para o cantor. O "canta junto" está entre aspas porque, invariavelmente, o camarada troca a letra, canta antes ou canta depois, fazendo uma espécie de eco (que atrapalha o cantor toda a vida). Finalmente, antes do refrão ou uma parte mais conhecida, ele anuncia:

- AGOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORA!!!!!!

Da segunda parte da música em diante, ele, geralmente, fala o AGOOOOOOOOOOOOOOOORA antes de toda estrofe, podendo introduzir variantes como o COMÉQUIÉÉÉÉÉÉ e o VAAAAAAAAAAAI. Às vezes, a criatura dirige o olhar a mesas de desconhecidos, como que para conferir se todos estão cantando toda vez que ele grita suas "palavras de ordem" acima citadas. Se o pedido da música que está rolando foi feito por uma outra mesa que não a dele, certamente, nesse olhar ele tenta procurar o autor do bilhetinho, feliz da vida, cantando junto, grato por aquela pessoa ter pensado naquela canção e feito esse pensamento chegar ao cantor, buscando sua cumplicidade, mas nem sempre a encontra.

Já me aconteceu de receber um guardanapo de um casal com um pedido de uma música da qual não me lembro agora. Mas lembro perfeitamente que, quando a cantei, tinha um "Galvão Bueno" de plantão fazendo a narração de todas as frases, cantando-as antes de mim. A cara de desaprovação do casal dizia tudo. Depois que o "narrador" foi embora, o moço, educademente, dirigiu-se a mim dizendo:

- Você se importaria de cantar mais uma vez a música para nós a ouvirmos sem a interferência do "rádio em uma outra estação" que estava na mesa ao lado?

E eu cantei.

Tem uns que, de tão chapados, pedem para tocarmos mais uma vez a mesma música em seguida! E dá-lhe jogo de cintura para fazer a informação chegar ao alcoolizado cérebro do nosso personagem em questão.

Para encerrar, uma das mais clássicas das letras "comentadas": É hoje

É hoje

A minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela (ÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔ!!!!!!)
Fez um desembarque fascinante no maior show da Terra (Essa é boa!!!!!!!!)
Será (O QUE?) que eu serei o dono dessa festa (O REI!)
O rei (O REI! O REI!) no meio de uma gente tão modesta
Eu vim descendo a serra (VAI!)
Cheio de euforia para desfilar
O mundo inteiro espera (O QUE)
Hoje é dia do riso chorar (AGOOOOOORA)
Levei o meu samba pra mãe de santo rezar (EAÍ)
Contra o mau-olhado eu carrego meu patuá (LEVEI!)
Levei o meu samba pra mãe de santo rezar (VAI!)
Contra o mau-olhado eu carrego meu patuá (ACREDITO!)
Acredito ser o mais valente (AGORA HEIN)
Nessa luta do rochedo com o mar (AGOOOOOORA)
E com o mar (COMÉQUIÉÉÉÉÉÉ)
É hoje o dia (DE QUE?)
Da alegria
E a tristeza (AGORA!!!)
Nem pode pensar em chegar (AGOOOOOOOOOOOOOOOOOOORA!)
Diga espeeeeeelho meu
Se há na avenida alguém mais feliz que eu (DIGA ESPELHO MEU!)



É, minha gente... a rapadura é doce, mas não é mole!

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